Infâncias e descolonização: desafios para uma educação emancipatória (Childhoods and decolonization: challenges for an emancipatory education)

Autores/as

  • Elina Elias de Macedo Unicamp
  • Flávio Santiago Unicamp
  • Solange Estanislau dos Santos UFAL
  • Ana Lúcia Goulart de Faria Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.22476/revcted.v2i2.95

Palabras clave:

Crianças pequenas. Adultocentrismo. Culturas infantis. Pós-colonialismo.

Resumen

Este texto apresenta reflexões sobre a seguinte indagação: a quem serve a percepção das crianças pequeninhas enquanto sujeitos não produtoras de cultura? Discutiremos, a partir do referencial dos estudos pós-colonialistas, como é possível vislumbrar uma educação emancipatóriaque considera as crianças enquanto seres sociais e consegue efetivamente colocá-las como protagonistas do processo educativo. Os estudos pós-coloniais nos ajudam a problematizar a estrutura capitalista e colonizadora da sociedade e a reprodução de concepções naturalizadas que desqualificam e castram os sujeitos, as subjetividades e legitimam as desigualdades e explorações. Trata-se de exercícios de pensamento em busca de pedagogias descolonizadoras que permitam a emancipação desde o nascimento. O que significa propor olhares que subvertem a ordem escolar vigente que transformam experiências em práticas, em atividades, em disciplinas, que classificam e avaliam linguagens e subjetividades, que normatizam os desenhos, os corpos, os sonhos. Recomendamos uma “desobediência epistêmica”, de não pensar o processo educativo de forma adultocêntrica, de reconhecer a criança como dialética, produtora de cultura e participante da vida social.

Biografía del autor/a

Elina Elias de Macedo, Unicamp

Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp; Membro do GEPEDISC- linha Culturas Infantis. elinamac@gmail.com

Flávio Santiago, Unicamp

Doutorando em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp; Bolsista FAPESP, professor afastado da Faculdade Zumbi dos Palmares.  Membro do GEPEDISC- linha Culturas Infantis. Membro da Gestão 2016- 2018 do Fórum Paulista de Educação Infantil.

Solange Estanislau dos Santos, UFAL

Docente na Universidade Federal de Alagoas; Membro do GEPEDISC- linha Culturas Infantis. Apoiadora da Gestão 2016- 2018 do Fórum Paulista de Educação Infantil. Líder do grupo GEPPECI – Grupo de Estudos e Pesquisas em Pedagogias e Culturas Infantis.

Ana Lúcia Goulart de Faria, Unicamp

Docente da Faculdade de Educação da Unicamp e coordenadora da linha Culturas Infantis do GEPEDISC- Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e Diferenciação Sociocultural. Membro da Gestão 2016- 2018 do Fórum Paulista de Educação Infantil.

Citas

ARENHART, D. Contribuições de Florestan Fernandes ao estudo das culturas infantis. Revista Sociologia da Educação - Revista Luso-Brasileira, v. 2, p. 32-53, 2010.

BARBOSA, M. C. S. Culturas escolares, culturas de infância e culturas familiares: as socializações e a escolarização no entretecer destas culturas. Educação e Sociedade. Campinas, 2007, v. 28, p. 1059-1083.

BHABHA, H. K. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2007.

BERTAUX, D. Destinos pessoais e estrutura de classe – para uma crítica da antroponomia politica. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

CORSARO, W. A. Interpretive Reproduction in Children’s Peer Cultures. Social Psychology Quarterly, v. 55, jun. 1992, p. 160- 177.

__________. Le culture dei bambini. Bologna: Il Molino, 2003.

COUTINHO, A. M. S. A ação social dos bebês: um estudo etnográfico no contexto da creche. 2010. Tese (Doutorado em Estudos da Criança – Área de concentração: Sociologia da Infância), Instituto de Educação, Universidade do Minho, Braga.

DELEUZE, G. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 1988.

FERNANDES, F. As trocinhas do Bom Retiro. In:___. Folclore e mudança social na cidade de São Paulo. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 203-315.

FOUCAULT, M. Microfisica do Poder. Rio de Janeiro:Graal, 2006.

__________. O governo de si e dos outros. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2010.

HALL, S. Da Diáspora: Identidades e Mediações Culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.

HARVEY, D. Para entender O capital. São Paulo: Boitempo, 2013.

JAMES, A.; JENKS, C.; PROUT, A. Teorizzarel’infanzia: per uma nuova sociologia dei bambini. Roma: Donzelli editore, 2002

LIMA, V. Invenções e transgressões poéticas de crianças pequenininhas na creche. 2014. 109f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Pedagogia) – Faculdade de Educação, Unicamp, Campinas/SP.

MACEDO, E. E. Crianças pequenininhas e a luta de classes. 2016. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

MACEDO, E. E. de; FARIA, A. L. G. de; BARREIRO, A.; SANTIAGO, F.; SANTOS, S. E. dos. Apresentação. Dossiê: Por uma infância descolonizada. Leitura: Teoria & Prática, Campinas, v. 31, n. 61, p. 145-151, nov./2013.

MELLINO, M. La crítica poscolonial: descolonización, capitalismo y cosmopolitismo enlosestudiosposcoloniales. Buenos Aires: Paidós, 2008.

MIGUEL, A. Infância e Pós-Colonialismo. Educação e Sociedade, Campinas, v. 35, nº. 128, p. 629-996, jul.-set., 2014.

PIOZZI, P. Marx, o operário, e as leis da beleza. Mouro-Revista Marxista. Núcleo de Estudos d’O capital, São Paulo, ano 6, n. 9, p. 132-143, jan./2015.

QUEIROZ, M. I. P. de. Educação como forma de colonialismo.Ciência e Cultura, São Paulo, 28 (12), p. 1433-1441, dez./1976.

QUIJANO, A.. Colonialidaddel poder, eurocentrismo y América Latina. In: LANDER, Edgardo (comp.). La colonialidaddel saber: eurocentrismo y cienciassociales. Perspectivas Latinoamericanas. CLACSO, ConsejoLatinoamericano de CienciasSociales, Buenos Aires, Argentina. Julio de 2000. p. 246- 276.

RESTREPO, E. Antropología y colonialidad. Disponivel em: <http://www.ram-wan.net/restrepo/documentos/antropologia%20y%20colonialidad.pdf> acessado em 02 de outubro de 2016.

RODARI, G. O homem da orelha verde. In: TONUCCI, Francesco. Com olhos de criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997, p. 13.

ROSEMBERG, Fúlvia. Educação: para quem? Ciência e Cultura. São Paulo, nº 28 (12), p. 1467-1471, 1976.

__________. Crianças e adolescentes na sociedade brasileira e a Constituição de 1988. Disponível em: <http://www.diversidadeducainfantil.org.br/PDF/Crian%C3%A7as%20e%20Adolescentes%20-%20F%C3%BAlvia%20Rosemberg.pdf>. Acesso em 02 de outubro de 2016.

SAID, E. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SANTIAGO, F. Gritos sem palavras: resistências das crianças pequenininhas negras frente ao racismo. Educação em Revista, Belo Horizonte - MG, v. 31, p. 129-153, 2015.

SANTOS, B. de S. Do pós-moderno ao pós-colonial. E para além de um e outro. Coimbra. Conferência de Abertura do VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, realizado em Coimbra, de 16 a 18 de Setembro de 2004. Disponível em: http://www.ces.uc.pt/misc/Do_pos-moderno_ao_pos-colonial.pdf.

SKLIAR , C. A educação e a pergunta pelos Outros: diferença, alteridade, diversidade e os outros “outros”. Ponto de Vista, Florianópolis, n. 05, p. 37-49, 2003.

SGRITTA, G. B. L'infanzia come fenomenosociale: dalsingolare al coletivo. In: SCURATI, Cesare ;WINTERSBERGER, Hengst; SGRITTA, Giovanni B. Infanzia, famiglia e scuolanellacomunitàeuropea. Trento: Didascalibri, 1993, p. 81-114.

VANDRENBROECK, M., Prólogo. In: ABRAMOWICZ, A. e VANDRENBROECK, M. (Orgs.). Educação Infantil e diferença. Campinas: Papirus, 2013, v. 1, p. 07-09.

Publicado

2017-02-13

Cómo citar

de Macedo, E. E., Santiago, F., dos Santos, S. E., & de Faria, A. L. G. (2017). Infâncias e descolonização: desafios para uma educação emancipatória (Childhoods and decolonization: challenges for an emancipatory education). Crítica Educativa, 2(2), 38–50. https://doi.org/10.22476/revcted.v2i2.95