Infâncias e descolonização: desafios para uma educação emancipatória (Childhoods and decolonization: challenges for an emancipatory education)
DOI:
https://doi.org/10.22476/revcted.v2i2.95Palabras clave:
Crianças pequenas. Adultocentrismo. Culturas infantis. Pós-colonialismo.Resumen
Este texto apresenta reflexões sobre a seguinte indagação: a quem serve a percepção das crianças pequeninhas enquanto sujeitos não produtoras de cultura? Discutiremos, a partir do referencial dos estudos pós-colonialistas, como é possível vislumbrar uma educação emancipatóriaque considera as crianças enquanto seres sociais e consegue efetivamente colocá-las como protagonistas do processo educativo. Os estudos pós-coloniais nos ajudam a problematizar a estrutura capitalista e colonizadora da sociedade e a reprodução de concepções naturalizadas que desqualificam e castram os sujeitos, as subjetividades e legitimam as desigualdades e explorações. Trata-se de exercícios de pensamento em busca de pedagogias descolonizadoras que permitam a emancipação desde o nascimento. O que significa propor olhares que subvertem a ordem escolar vigente que transformam experiências em práticas, em atividades, em disciplinas, que classificam e avaliam linguagens e subjetividades, que normatizam os desenhos, os corpos, os sonhos. Recomendamos uma “desobediência epistêmica”, de não pensar o processo educativo de forma adultocêntrica, de reconhecer a criança como dialética, produtora de cultura e participante da vida social.
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