A infância, as crianças e a educação infantil: reflexões acerca da questão étnico-racial (Childhood, children and early childhood education: reflections on the ethnic-racial issue)
DOI:
https://doi.org/10.22476/revcted.v2i2.102Palavras-chave:
Criança negra. Educação infantil. Questão étnico-racial.Resumo
Neste artigo é apresentado um ensaio teórico cujo objetivo é refletir acerca do papel da educação infantil e o tratamento da diversidade étnico-racial na formação pessoal e social das crianças negras. A reflexão está organizada em duas partes que se complementam: na primeira parte, apresentamos uma discussão sobre aspectos relacionados à socialização das crianças negras nas instituições de educação infantil a partir dos dados de pesquisas realizadas e, em seguida, refletimos acerca da formação das professoras da educação infantil diante dos desafios colocados pelo tratamento da questão étnico-racial. Os dados encontrados apontam que as crianças negras já internalizaram uma concepção negativa do seu pertencimento racial e que acaba sendo reforçado pelas instituições educativas ao não tratarem desta questão ou fazerem isso de forma estereotipada. Isso nos indica que a formação específica do profissional da educação infantil deve dar abertura à multiplicidade de saberes que envolve a docência na educação infantil considerando as questões de subjetividade, construção da autonomia, a diversidade cultural, de gênero, classe social e raça/etnia, pois estas são constituidoras do ambiente da educação infantil e devem ser consideradas no entendimento de uma criança real e de uma infância plural.
Referências
ALMEIDA, S. S. M. de. Análise do autoconceito e autocontrole de crianças negras a partir da identidade social. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social – Universidade Federal de Sergipe, 2012.
BARBOSA, M. C. S. Culturas escolares, culturas de infância e culturas familiares: as socializações e a escolarização no entretecer destas culturas. Educação & Sociedade. Campinas, vol. 28, n. 100 – Especial, p. 1059-1083, out. 2007.
BISCHOFF, D. L. . Minha cor e a cor do outro: qual a cor desta mistura? Olhares sobre a racialidade a partir da pesquisa com crianças na educação infantil. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação – Faculdade de Educação – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2013.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003 – Inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. MEC.
__________. Resolução no 1 de 17/06/04 que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira. CNE/MEC.
__________. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, 2010. CNE/MEC.
CRUZ, E. M. R. Percepções das crianças sobre currículo e relações étnico-raciais na escola: desafios, incertezas e possibilidades. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Educação – Centro de Educação e Ciências Humanas – Universidade Federal de São Carlos, 2008.
FEITOSA, C. F. J. Aqui tem racismo! Um estudo das representações sociais e das identidades das crianças negras. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação – Unicamp, 2012.
FOMOSINHO, J. A universidade e a formação de educadores de infância: potencialidades e dilemas. In: MACHADO, Maria Lúcia de. Encontros e Desencontros na Educação Infantil. São Paulo: Cortez, 2008. p. 169-188.
HALL, S. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.
KISHIMOTO, T. M. Pedagogia e a formação de professores (as) de Educação Infantil. In: Pró-Posições, v. 16, n. 3 (48) – set/dez., 2005, p. 181-193.
__________. Encontros e desencontros na formação dos profissionais de educação infantil. In: ____MACHADO, Maria Lucia de A. (org.). Encontros e Desencontros em Educação Infantil. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008, p. 107-115.
OLIVEIRA, F. Um estudo sobre a creche: o que as práticas educativas produzem e revelam sobre a questão racial? Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, São Carlos, 2004.
PELBART, P. P. A Nau do Tempo-Rei: 7 ensaios sobre o Tempo da Loucura. Rio de Janeiro: Imago, 1993.
__________. A vertigem por um fio: políticas da subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras, 2000.
PEREIRA, J. B. B. A criança negra; identidade étnica e socialização. Cadernos de Pesquisa, n. 63, 1987. p. 41-45.
ROMÃO, J. O educador, a educação e a construção de uma auto-estima positiva no educando negro. In: CAVALLEIRO, E. (org). Racismo e anti-racismo na educação: repensando a escola. São Paulo: Summus, 2001. p. 161-178.
SILVA, A. C. A Desconstrução da Discriminação no Livro Didático. In: MUNANGA, K. (org). Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 2000, p. 13-30.
SILVA, M. J. L. da. As artes e a diversidade étnico-cultural na escola básica. In: MUNANGA, K. (org). Superando o racismo na escola. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 2000, p. 119-136.
SILVA, C. D. Negro, qual é o seu nome? Belo Horizonte: Mazza Edições, 1995.
SILVA, M. H. P. D. da. Negritude e infância: cultura, relações étnico-raciais e desenvolvimento de concepções de si em crianças. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde – Instituto de Psicologia – Universidade de Brasília, 2010.
TRINIDAD, C. T. Identificação étnico-racial na voz de crianças em espaços de educação infantil. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Educação (Psicologia da Educação) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), 2011.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Entende-se como autor todo aquele que tenha efetivamente participado da concepção do estudo, do desenvolvimento da parte experimental, da análise e interpretação dos dados e da redação final. Recomenda-se não ultrapassar o número total de quatro autores. Caso a quantidade de autores seja maior do que essa, deve-se informar ao editor responsável o grau de participação de cada um. Em caso de dúvida sobre a compatibilidade entre o número de autores e os resultados apresentados, a Comissão Editorial reserva-se o direito de questionar as participações e de recusar a submissão se assim julgar pertinente.
Ao submeter um artigo para publicação a Crítica Educativa a o autor concorda com os seguintes termos:
- O autor mantém os direitos sobre o artigo, mas a sua publicação na revista implica, automaticamente, a cessão integral e exclusiva dos direitos autorais para a primeira edição, sem pagamento.
- As ideias e opiniões expressas no artigo são de exclusiva responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, as opiniões da Crítica Educativa.
- Após a primeira publicação, o autor tem autorização para assumir contratos adicionais, independentes da revista, para a divulgação do trabalho por outros meios (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), desde que feita a citação completa da mesma autoria e da publicação original.
- O autor de um artigo já publicado tem permissão e é estimulado a distribuir o seu trabalho online, sempre com as devidas citações da primeira edição.
Os artigos cuja autoria é identificada representam a expressão do ponto de vista de seus autores e não a posição oficial da Crítica Educativa do PPGED da Universidade Federal de São Carlos, Campus Sorocaba.